21 de mai. de 2009


LÁ NO CÉU

Em pleno domingo, tive que acordar às quatro horas da manhã pra pegar um voo às seis pra São Paulo. Em Porto Alegre isso é mais tranquilo. Banho, barba feita, maletinha pronta pra voltar 48 horas depois, sem trânsito, check-in sem despachar, tudo light. A não ser as olheiras e a cara de sono.

Tenho medo de voos. E ultimamente tenho sentido uma certa claustrofobia naquelas poltronas que não aceitam pessoas com pernas mais longas. E o ministro Jobim não disse que isso iria mudar?

Mas deixa o medo, as olheiras, o ministro e o espaço entre as poltronas de lado. O que motivou esse texto foram as nuvens, o céu azul, a poderosa sensação de voo tranquilo sobre aquele infinito campo de algodão. É lindo, mágico. Ipod nas melhores músicas e momentos de êxtase visual e sonora. Um playlist preparado pra embalar perfeitamente aquelas imagens.

Mas onde mesmo eu quero chegar com tudo isso? Apenas escrever pra ninguém um texto sem sentido? Não. Dividir é o verbo de um "blogueiro". Divido com quem nos acompanha a sensação que aquela janelinha do avião me deu. A sensação de que tudo é muito grande, que tem muita gente voando por aí, que o Brasil é muuuuito grande, que a nossa costa é linda, que as estradinhas riscadinhas lá do alto terminam em algum lugar, em alguma casinha, em alguma praia, em alguma família...

E por falar em família, sempre tenho a sensação ruim de ficar longe da família. Não me diga que você nunca ficou com uma sensação ruim ao brigar com alguém antes de pegar um avião. E se eu morrer? Vou morrer brigado? E a minha filha, que anda aprontando diariamente? Não posso dar castigo. E se o avião cair? E o Pacific? Aquele medo de não aproveitar em 2010. Me conformo com o ditado que diz que pra morrer basta estar vivo. Então, não precisa estar dentro de um avião. É a sensação das alturas, das proporções, do infinito, do nosso "tamaninho".

É do alto que se tem uma visão melhor das coisas. Ficamos mais abrangentes, percebemos mais as proporções, as cores. As formas só aparecem num jogo de luz e sombra. O verde se mostra em diversos tons, as águas dançam em milhares de curvas nos rios, o horizonte é infinitamente infinito. Somos pequenos. Somos formiguinhas a se mover de lá pra cá. 

Eu, uma das formigas, chego em São Paulo com céu azul "ciano" e friozinho dos pampas. O trabalho me espera em longas jornadas e responsabilidade. Será que o voo noturno da volta vai me dar um show de luzes tão lindo quanto o campo de algodões?


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