27 de jan. de 2010


DEPOIS DE LER A CRÔNICA
"SEU APARTAMENTO É FELIZ?"
DA MARTHA MEDEIROS,
LEMBREI DE UM TEXTO DA
MESMA AUTORA QUE FALAVA
SOBRE O ABAJUR.  É "PURA
VERDADE". AÍ VAI.


O ABAJUR E O MICROONDAS


DVD, computadores, telefones sem fio, controles remotos espalhados por todos os cantos. Nossas casas já possuem a parafernália necessária para nos sentirmos parentes da família Jetson. No entanto, a gente nunca fala das invenções que não precisavam existir. Vou citar apenas uma: o forno de microondas.


É uma prosaica opinião e sei que milhares irão discordar, mas vou adiante. Microondas, pra mim, é uma invenção que não deu certo. Se deu certo, foi pra pouca coisa, se levarmos em consideração o espaço que ocupa na cozinha e a sua incrível eficiência para aniquilar com o gosto da comida. Pra que serve, me diga, um micro? Para esquentar mamadeira no meio da noite. Para esquentar um pedaço de pão. Tá, tá, não vou me esquecer: pra fazer pipoca. E para acabar com a credibilidade de alguns restaurantes. Outro dia fui jantar num lugar elegante e a comida foi trazida exatos três minutos depois de feito o pedido. O prato estava bonito e, admito, gostoso, mas me senti surrupiada na minha confiança. Quero que cozinhem, não que esquentem. Ou que ao menos disfarcem. Me dêem tempo de comer o couvert.


Liquidado o assunto microondas, quero agora prestar uma homenagem para uma das melhores invenções para o conforto do lar: o abajur. Uma casa sem abajur é uma casa sem afeto, sem calor humano, sem atmosfera. Não conheço nada mais essencial que a luz indireta. Tenho pena de quem mora em casas iluminadas apenas com spots no teto ou, horror dos horrores, lâmpadas fluorescentes. Eu sei, eu sei, são mais baratas. A vida não está fácil pra ninguém. Mas reluto em acreditar que alguém possa ser feliz sem uma penumbra, uma meia-luz, uns poucos pontos de destaque, discretos, suaves. Luz não pode gritar. 


Lustres, tudo bem, são abajures de teto, funcionam, já que às vezes é preciso enxergar o prato que você está comendo ou o cara com quem você está dançando. Mas o abajur no canto do sofá, na beira da cama... ah, ninguém pode confiscar o valor que eles têm. Nem precisam ser abajures convencionais, uma boa luminária, quieta, dá conta do recado fantasticamente, aquece o ambiente. E dá sabor à vida, ao contrário do microondas. 


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